Por: Dado Martins - Já publiquei no Mural de Recados aí ao lado que a palestra sobre vícios de linguagem da Professora Sônia Mara, da UNIR, no último sábado (14), para as Operadoras de Cobrança da Andrade & Bastos – Assessoria de Cobranças foi o máximo. Se alguém não aproveitou o conteúdo, só tenho mesmo é que sentir muito, já que, apesar de estar no local a fim de fazer a cobertura, aproveitei quase tudo o que foi dito e explicado pela carismática professora.
Os vícios de linguagem, que, conforme apresentado, são os desvios da norma gramatical, além de serem motivo para que as pessoas tirem sarro nesse tipo de “viciado”, compromete até mesmo a vida profissional de quem não consegue se livrar de alguns absurdos. É praticamente inadmissível, por exemplo, que uma Operadora de Cobrança, ou uma Operadora de Tele-marketing, diga “pobrema” ao telefone. E esse “problema” é mais comum do que se possa imaginar.
O desvio de linguagem chamado “Barbarismo”, é mesmo uma barbaridade. Ele pode ser Ortoépico, Prosódico ou Gráfico. O Ortoépico é um “pobrema”, porque a pessoa passa tanto tempo da vida dizendo de forma errada uma palavra, que depois fica difícil vencer a barreira que se forma. Os desvios ortoépicos fazem os “viciados” trocarem as letras, como o Cebolinha da “Turma da Mônica”. Já o Prosódico troca os “acentos” de lugar nas palavras. Isto quando eles existem, porque às vezes o acento não existe, e neste caso a “sílaba tônica” é trocada de lugar. Os exeplos mais comuns são as palavras recorde (diz-se récorde, enquanto a pronúncia correta é recórde); rubrica (diz-se rúbrica, quando a pronuncia correta é rubríca), e gratuito (diz-se gratuíto, quando a pronúncia correta é gratúito). O desvio de linguagem Gráfico é interessante, porque os “viciados” trocam o sentido do plural, e ao invés de dizerem “os cidadãos”, por exemplo, dizem “os cidadões”, ou ao invés de dizerem “os sete anões”, dizem “os sete anãos”.
A Professora Sônia Mara alertou que também comete Barbarismo quem usa estrangeirismos desnecessariamente, dizendo repetidamente palavras como “ok”, ou trocando as palavras de lugar como na frase “Deletarei esta informação do sistema”. “Delete” é uma palavra em inglês, e no Português não existe o verbo “deletar” para que seja usado em uma frase fora da linguagem exclusiva da informática.
Sendo o Solecismo um desvio que se comete contra a sintaxe, também torna-se grave porque a pessoa acredita que está falando corretamente, quando na verdade está falando de maneira errada, como por exemplo na frase “Desculpe a demora, haviam muitas pessoas na fila”. O verbo haver é impessoal quando está no sentido de “existir”, ou seja, não admite sujeito. Neste caso, é invariável (não flexionado) e conjugado na terceira pessoa do singular. Sendo assim, “havia muitas pessoas na fila”.
Quando o verbo “haver” é que faz o papel de auxiliar e tem valor equivalente a “ter”, será conjugado de acordo com o sujeito: “Eles haviam encorajado minha irmã a ir para o exterior”. O verbo “existir” faz concordância verbal normal, ou seja, com o sujeito. Exemplo: Não “existiram” candidatos suficientes para este concurso, ou, Não “houve” candidatos suficientes para este concurso.
Também existe desvio de Regência, quando digo: Vou “no” escritório, quando o correto é: Vou “ao” escritório; De Colocação Pronominal que é quando digo: “Me” fala seu nome completo, quando devo dizer: “Fala-me” seu nome completo. O desvio Ambíguo também é sério, porque a pessoa deixa um duplo sentido causado por má construção de uma frase como: “Aquela velha senhora encontrou o garotinho em “seu” quarto”. Seu de quem? Da velha senhora ou do garotinho? Então poderia se dizer: “Aquela velha senhora encontrou o garotinho no quarto dele”.
O Preciosismo quase não se vê, ou nunca vemos, mas pode existir. É quando a pessoa “exagera no Português”, provavelmente para se aparecer, e acaba caindo no ridículo. O que você acha que quer dizer a frase: “Colóquio flácido para acalentar bovinos?”. Quer dizer “Conversa mole pra boi dormir”. Não é bem mais fácil do segundo jeito? E esta: “Evolou-se aos paramos etéreos a alma da imaculada donzela”. Dá até vontade de rir, pois que dizer simplesmente: “A moça faleceu”.
O Arcaísmo é quando se insiste no uso de palavras muito antigas como “vosmecê”, para dizer “você”. O Eco é a repetição desagradável de fonemas no final das palavras de uma mesma oração. Vejamos na frase: “A decisão da eleição não causou comoção na população”. É muito “ão” para uma frase só.
A Redundância também é bastante comum. É a palavra ou expressão desnecessária, por indicar idéia que já faz parte de outra passagem do texto: “’Criei’ um ‘novo’ procedimento para o seu caso”. Se eu “criei” um procedimento, ele só pode ser “novo”. Mas a mais famosa é a “Ganhe inteiramente grátis”. Esta Redundância absurda não merece nem comentário a respeito. Entretanto, a falta de atenção e cuidado na hora de falar, principalmente para quem trabalha com anúncios ambulantes ou rádio, é o fator principal para que este “ataque sem misericórdia” seja executado contra a língua portuguesa.
O Neologismo consiste na criação de novas palavras como “imexível”, que surgiu para as bandas de Brasília, em meio aos deputados federais. Na novela global “O Bem Amado”, a personagem do Prefeito “Odorico Paraguaçu” ficou muito conhecida por criar palavras novas como “pra trazmente” e “para frentemente”. Neologismo puro.
A Cacofonia também pega muita gente de surpresa, principalmente se tiver “uma mão no pé”, ou seria “um mamão no pé”? Brincadeiras à parte, a Cacofonia é resultante da aproximação das sílabas finais de uma palavra com as iniciais de outra, formando uma terceira de “som desagradável”. Podendo ser uma palavra ridícula ou obscena. Alguns exemplos: Por cada (porcada), boca dela (cadela), uma mão (um mamão), ela tinha (latinha), vi ela (viela), dentre outros.
Só lembrando que há exigências por profissionais capacitados e com habilidades em diferentes áreas e competências. Como explanou a Professora Sônia Mara, “A competência comunicativa, aliada ao conhecimento, habilidade, atitude e capacidade do indivíduo assimilar, organizar e transmitir informações com eficácia refletindo no relacionamento com o cliente, é um dos pré-requisitos mais observados no meio empresarial”.
“A comunicação precisa ser aprimorada, para sermos persuasivos, convincentes e cativantes. O profissional do tele-marketing é o responsável pela imagem da empresa. Evitem os vícios de linguagem e primem pela eficácia da comunicação”, concluiu a Professora Sônia Mara.
Vídeos utilizados na Plalestra da Professora Sônia Mara sobre Vícios de Linguagem:
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